O Deprê é um cara legal
O Deprê é o meu beagle. Ele já veio adulto pra dentro da minha vida, trazido por mãos bondosas que o acharam abandonado pelas ruas do conjunto Tiradentes. Ele deve ter sido criado e amado por alguém e por alguma razão estranha foi abandonado nas ruas.
Tem gente que faz isso, mas ai não dá pra chamar de gente.
Gente é o Deprê. Ele sabe olhar para as pessoas. Ele sabe ler o coração delas. O meu ele sabe. Sempre chega junto quando sento meio de bobeira na varanda da casa. Às vezes pensando no meu velho pai que vai morrer em breve, em alguns amigos que se foram, amores que o tempo leva mais ficam dentro sempre, porque amor de verdade não tem tempo. Tempo é uma invenção do cérebro, o amor do coração.
Hoje é domingo e como sempre um dia de fazer as coisas sempre iguais. Agora que estamos somente eu, ele e a Rosa, as coisas parecem bem normais, dançando fora do eixo e dentro da ordem mundial.
O Deprê continua mijando nas coisas e parece que a solução é castrar para que ele pare de se achar macho demais e fique demarcando território com urina fedida.
Acho muito estúpida essa solução, mas parece que vai ter que ser, se não a Rosa não deixa o Deprê entrar em casa. Ele mija tudo.
Melhor um cão castrado dentro de casa perto de mim, que um na varanda abandonado cheio de tesão.
Afff!
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