Preso plantando tomate cereja
A ideia de paraíso judaico cristão é dolorosa, difícil e remota.
Ela ocorre depois da morte e olhe lá.
Só se você babar muito ovo de rabinos, padres e pastores e pagar dízimo e trízimos gordos.
Assim você consegue ir pagando de leve seu terreninho no céu.
Dependendo do quanto você paga mais perto da orla você fica.
Rico fica na beira do mar do paraíso.
Já pobre deve ficar na favela do paraíso.
O Arnaldo Antunes tem uma canção linda que pergunta o seguinte: “Haverá paraíso sem perder o juízo ou sem morrer?”.
Sim, há paraíso sem perder o juízo e sem morrer.
Aprendi com um velho japonês que viveu no século passado que você deve amar ao próximo, amar o belo e praticar o desapego.
Isso eu já sabia, até aqui nenhuma novidade.
Mas a construção de um paraíso só vale se for aqui na terra, depois da morte nem morto, santa!
Cultivar a terra e comer do que plantar é um grande lance.
E cultivar seu amor e comer seu amor também é um grande lance.
Estou plantando tomates cerejas e outras hortaliças mais.
Foda é se os novos vizinhos dos prédios recém-construídos ao lado de casa pensar que estou plantando maconha e me denunciar.
De longe, maconha e tomate cereja se parecem em nada.
Mas esse povo feio é podre.
Oh raça!
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