A Primavera do Medo
Estamos vivendo a era das proibições.
Todo dia leio em algum jornal ou vejo na TV algum idiota sugerindo uma proibição nova.
Como se fazer leis proibitivas fosse a solução final para todas as “inseguranças” do homem e da sociedade moderna.
Em nome do sono tranqüilo de meia dúzia de caretas, covardes, burgueses, chatos, burocratas, republicanos de direita, proíbe-se qualquer coisa que venha ameaçar a falsa segurança dessa elite bunda mole.
Nos anos 60 e começo dos 70 vivemos a Primavera de Praga, período em que o mundo todo lutava por liberdades civis, tais como o fim do racismo, das ditaduras militares, ditaduras políticas, pelo direito das mulheres de votar e participar ativamente das decisões da sociedade organizada e até de gozar, pela liberdade de expressão e respeito às diferenças, época em que surgiu o maravilhoso movimento Flower Power, ou o movimento hippie, onde a palavra de ordem era liberdade e a frase “É proibido proibir” escrita nos muros da França pelos estudantes que faziam movimentos civis, ouvindo um bom rock no fundo, incentivaram gerações a dar valor à liberdade, parece que tudo isso, todo esse esforço, foi jogado fora. Os jovens de hoje não se rebelam, se curvam, aceitam e até concordam com essa balela de proibir.
Hoje assistimos de longe a Primavera Árabe em busca de liberdades democráticas, enquanto a nossa sociedade ocidental vai na contra mão, a toda hora vendo avanço do discurso da direita se aproveitando do 11 de setembro e da queda das Torres Gêmeas para semear o medo e em nome disso inventar leis proibitivas.
É mais cômodo proibir do que educar.
Proibir aumenta o poder do Estado e alimenta a indústria da corrupção, dá mais dinheiro com multas ou o guaranazinho dos guardas.
Ao invés de ensinar ou punir de verdade quem burla a lei, melhor tirar uma grana dos otários e soltar.
Alcoólatra e pedestre que sou, estou indignado com essa porra dessa lei do bafão, a tal da Lei Seca.
Nêgo continua atropelando, matando, vai preso por um dia, sai e se quiser volta a dirigir.
O certo seria punir severamente quem infringe a lei, de políticos corruptos, empresários que mamam no nosso dinheiro, juízes calhordas e motoristas homicidas.
Todos deveriam ser severamente punidos.
Não o pobre coitado do alcoólatra pedestre, como eu.
Por conta dessa lei, meus amigos pinguços que tem carro andam com medo de sair e biritar. Medo de pagar R$ 900,00 de multa e perder a carteira, mesmo sem atropelar velhinha, cachorro, gato ou periquitos. Ou pior, ser achacado por policiais militares que vão te dar uma dura, uma lição de moral, e depois exigir um guaranazinho de 300 contos.
Se bem que parece que pode pagar em “três vez”, como diz o guarda.
Tanto que eu vinha com um amigo que tem carro e não se acovarda com essas chantagens baratas do Estado, quando de repente uma blitz na frente.
Ele vinha fumando um baseado com uma mão e na outra uma latinha de cerveja, o volante parece que tava entregue as patas.
O maluco jogou fora a lata de cerveja sem o guarda ver, mas o baseado ele se esqueceu de jogar.
Quando chegamos à blitz o guarda gritou pra gente “passa, passa... mané... essas porras só têm um baseado”... disse o guarda olhando pro sargento.
Fomos pra outro bar comemorar o fim da proibição da maconha, bebendo cerveja.
É muita proibição pra uma policia só.
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