A conchinha do amor sem fim

Quem ama sabe que amor não acaba.
O amor vem do mistério incontrolável da alma, vem do azul, vem do além do breu.
O músculo que mais sofre os efeitos do amor é o coração, um músculo involuntário que pulsa à toa toda vez que o objeto amado se aproxima.
Mesmo com o tempo, com todo o cotidiano invadindo os sonhos, mesmo com a velocidade da vida pós-facebookiana, o dia a dia do casamento que testa a cada instante o amor, mesmo assim ele sobrevive espremido entre uma prestação e outra.
O amor existe enquanto existir a conchinha.
A conchinha é aquele momento no acordar para mais um dia duro do cotidiano repetitivo em que o ser amado é abraço pelas costas e os dois formam um arco armado como se tivessem hospedando dentro de ambos uma flecha mirando o infinito rumo à luz do sol dos amantes.
Viver é uma questão de escolha. Tem gente que prefere ser o arco que lança a flecha para o infinito, tem gente que prefere ser a flecha voando para o alvo e tem gente que prefere ser o alvo que acaba com o infinito da flecha.
Amar é ser a flecha voando para o infinito e obscuro futuro.
O segredo é não esperar acertar o alvo nem muito menos a mosca do alvo.
O segredo é voar.
O alvo é o fim do caminho!
O alvo é chato para caraleo.

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