A provocação "... E o rap?" é contra a genuflexão
Ela está em toda a cidade.
Não há um bairro de Manaus que não tenha essa pichação em algum muro ou parede.
Ela é uma incógnita para mim.
Não tenho a menor ideia do que ela quer dizer, do que ela significa ou representa.
Só sei do efeito que ela me causa.
De provocação.
Ela mexe com meu anarquismo romântico dormido.
Minha alma insubmissa que ficou lá atrás aparentemente, mas que só dorme dentro de mim.
Esperando feito um cão no escuro que o dono a chame.
Essa frase acorda essas coisas boas da alma que a alma tem.
A insubmissão é uma delas.
Almas insubmissas são as melhores.
“Nunca se submeta”, essa frase eu ouvi em uma canção ou li em algum livro e compreendi, adotei e hoje ela mora escondida debaixo do tapete da minha alma.
Porque eu entendi o que ela quis dizer.
E nem a ela eu me submeti porque até esqueci onde li ou ouvi.
Mas ela está viva.
Agora vem um pichador desconhecido com não sei que intenção despertar essa “coisa”.
Acho que essa pichação tem a ver com a falta de espaço que o rap tem como gênero musical nos meios de comunicação.
O rap e outros, como a bossa nova do Tom Jobim.
As rádios, casas de show, o mercado do disco só tocam o que dá lucro e pra isso eles inventam o que dá lucro.
Eles escolhem a porcaria da moda que dá mais lucro.
Eles até produzem porcarias da moda.
Ficam se sucedendo ano após ano o pagodinho safado do neguinho rebolante, do sertanejo cuzão calça atochada no rego, do forró mulher vagaba é melhor,o rock emo baitola esquema Restart e por ai vai.
E nossos ouvidos virando penico ano após ano.
E o pichador só quer “... E o rap?”.
Chato pra caralho.
Mas bossa nova demais também é chata pra caralho.
Mas tem que tocar tudo.
Porra.
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