O coverismo baré e a reversa xenofobia musical da Virada Cultural
Manaus tem baixa auto estima musical por conta desse isolamento geográfico todo e sofre da falta de identidade musical.
Talvez por conta desse isolamento todo.
Nós nem somos carimbós esvoaçantes coloridos como os paraenses, nem apertadinhos do pagode como os baianos muito menos periquita esfuziante do chiado do forró horizontal.
Somos um derivado de um boi estropiado e mutante que veio do Maranhão passou por Parintins.
Quando chegou em Manaus virou axé bumbá.
A cultura é resultado de mistura.
Só que musicalmente, Manaus é uma mistura tão misturada que não dá caldo grosso.
Tem uma tal de MPA (Musica Popular Amazonense) que está parado em um limbo largado da canção mineira, resquícios dos Elomas e Xangais misturados ao batuque nordestino com uns apitinhos indígenas sem noção vestido de branco.
Nada que seja nosso nem de longe.
Nosso é só um índio Ajuricaba que caiu no Rio negro acorrentado e não se sabe mais nada dele.
Nem que musica ele fazia.
Nós barezinhos não temos uma alma musical que possa ser ancestral, que possa ser chamada de nossa.
Tudo aqui cheira a estrangeiro.
Até o axé boi.
A xenofobia musical rola solta quando vai ter a Virada Cultural que usa dinheiro dos impostos barés para pagar preços altíssimos a bandas fuleiras de fora.
E quase nada para os músicos daqui.
Isso quando não são barrados nos palcos.
Embora nossos músicos adorem um coverzinho preguiçoso abdicando de compor, apesar de toda a tecnologia digital que favorece a produção de áudio e vídeo.
Poucos músicos metem a cara a tapa para compor algo que preste.
Que tenha autoria mesmo.
Que tenha identidade.
Mas tem alguns.
E esses músicos poucos que são autorais tem que ter espaço na Virada Cultural com o mesmo cachê das bandas fuleiras do Brasil.
Ou melhor.
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