Transar em busão interestadual é legal


Nesses tempos bicudos de amores e relacionamentos facebookianos carregados de neuroses virtuais, sair do ambiente insano da internet é como desplugar o cérebro.
Viajei para Itacoatiara de busão de linha.
Quatro longas horas pela noite à dentro.
Em uma estrada no meio da Amazônia.
O saculejo do ônibus, a escuridão, o ócio, a proximidade com as pessoas cria uma intimidade que vai descambar em pensamentos ardentes e em sexo.
Assim como em viagens de navios, de trens e de carroças.
Carroças não, pode quebrar a louça.
Muitos amores se passam durante essas viagens.
Ao menos é assim no cinema.
E com certeza é assim nos barcos de linha da Amazônia.
Muitas dessas viagens acabaram em gravidez sem nem saber o nome do pai.
De volta ao busão em direção a Velha Cerpa.
No barulho da lataria velha do busão aos cacarecos entre um buraco e outro, eu e meu amor tentávamos dar as mãos.
Como dar as mãos estava ficando dificil pensamos em penetração subterrânea embaixo do cobertor.
Sim, porque apesar do busão ser um cacareco ele tinha ar condicionado que matava um de pneumonia.
Não rolou porque o busão furou o pneu e nós tivemos que descer embaixo de chuva amazônica.
Vou te contar viu!
Eta coisa desorganizada!

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