Dá vergonha ser humano
Ver o goleiro Bruno sendo conduzido por policiais, impávido, altivo, cabeça erguida, usando o uniforme laranja dos detentos do presídio de Contagem (MG), parecendo que vai entrar em campo pela seleção da Holanda, enche de tristeza e vergonha de pertencer a espécie humana. Notícias assim são paralisantes! O Brasil assiste incrédulo a um desses momentos em que a raça humana fica envergonhada da civilização. O espanto, no caso, transcende os limites da crônica policial. Por trás do motivo torpe da lambança, a mecânica macabra do sacrifício da vítima tem levado muita gente a um estado de catatonia reflexiva diante dos fatos: como pode um ser humano virar esse tipo de monstro de seriado B? A sensação é que a humanidade chegou no canil das almas, todos nós nos sentimos assim.
E a Ana Maria Braga diz no seu programa na Rede Globo que isso é coisa de pobre quando fica rico. O namorado larga ela pela décima vez, ela come a peruca e fica louca e sai falando merda. Enfim.
O que pode dar uma aliviada é se amanhã, no jogo Espanha e Holanda que vença enfim o futebol, o que salvará esta Copa de uma chatice quase total. Nada tão medíocre quanto o futebol praticado na Itália, em 1990, o que de certa forma mostra uma evolução entre o início e o fim da era Dunga, sem deixar de caracterizar um período sofrível até o fim em matéria de craques, de lances inesquecíveis e de apresentações de gala. Tirando o polvo, o Mick Jagger, a Jabulani, o frango do goleiro inglês, o gol que só o juiz não viu contra a Alemanha, o finalzinho de Uruguai x Gana e o pisão do Felipe Melo no Robben, sobram os beijos do Maradona no Messi, o sobretudo do Dunga, o belíssimo gol de mão do Luís Fabiano, a gravidez do Cristiano Ronaldo, a sensualidade da namorada do Casillas, os seios da musa paraguaia, a visita da rainha ao vestiário…
Que a reputação do futebol seja salva com um bom jogo amanhã!
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