A balada da caçamba perdida

A caçamba que aniquilou a vida de 16 barezinhos seria só mais uma caçamba usada como uma arma por um condutor infeliz desses que a gente vê todo dia nos jornalões que se espremer sai sangue.
Seria só mais uma caçamba, se essa caçamba não pertencesse a uma empresa chamada Tercom Terraplanagem Ltda., cujo proprietário Flávio Souza dos Santos Filho, se aproximou do prefeito de Manaus Arthur Virgílio Neto (PSDB) muito antes de ele assumir o cargo, ainda na campanha eleitoral e doou para a campanha do tucano a quantia de R$ 5.765,00.
Com a vitória do tucano, a empresa ganhou contratos na prefeitura da Barelândia, pratica usual no processo político brasileiro que tem que mudar com a Reforma Política, reforma que nenhum partido tem interesse em fazer.
O PT ensaia mas esbarra na sua própria prática política.
O pior dessa história vem pela frente.
Antes do motorista assassino matar 16 pessoas, a empresa Tercom Terraplanagem Ltda. já tinha sido denunciada na Operação Vorax em uma ação do Ministério Público contra o ex-prefeito de Parintins Frank Luiz da Cunha Garcia, o Bi Garcia, irmão da primeira-dama do município de Manaus, Goreth Garcia Ribeiro.
O esquema familiar faz parte da prática de alguns caciques políticos acostumados a "familiarizar" o patrimônio público. O Artur é dessa leva de político viciado em viver do dinheiro alheio.
Todo político profissional é assim.
O nome da empresa dona da caçamba assassina não aparecia no contrato da prefeitura até o acidente com o micro-ônibus na sexta-feira. O que aparecia no contrato de R$ 40,87 milhões era o Consórcio Manaus Etacom, vencedor do Lote 1 (que compreende as avenidas Djalma Batista, Dom Pedro, Loris Cordovil, nas zonas centro-sul e oeste de Manaus) das obras de recapeamento de ruas.
O que diz o Ministério Público sobre a empresa dona da caçamba assassina “(…) membros da Administração Pública Municipal, notadamente José Freite de Souza Lobo e Paulo Emílio Bonilla Lemos, impediam que empresários não associados à quadrilha tivessem acesso ao edital de licitação. Restringindo a participação de interessados, o processo de licitação era então montado na Secretaria de Obras em nome de uma das empresas “parceiras”, justamente o caso da Tercom Terraplanagem Ltda.”, diz a denúncia do MPF.
O processo da Operação Vorax ainda não foi julgado na Justiça Federal, e atualmente está sob segredo de Justiça. Em janeiro deste ano, o MPF pediu a condenação de 25 réus, nas alegações finais, mas não divulgou os nomes.
Por conta dessas práticas imundas, a Barelândia é uma cidade afavelada, sem calçadas, sem esgoto, com um sistema viário podre e ineficiente que favorece acidentes horrorosos como esse que levou a vida de 16 dignos barezinhos que estavam em um busão lotado feito gado em direção ao matadouro em uma Djalma Batista congestionada, quando foram apanhados pela proa por uma caçamba desgovernada dirigida por um motorista que por algum motivo vinha em alta velocidade.
Os 16 barezinhos mortos no busão vão virar só mais um numero de uma estatística de uma cidade que culpa o motorista, mas vota em prefeito que rouba sistematicamente e volta a se eleger sempre que quiser.
Essa história é cheia de criminosos invisíveis.
Inclusive a imprensa que esconde essa história suja dentro de uma história sangrenta.
De todos os criminosos, a imprensa é a mais criminosa de todos.

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