O Brasil não é a Raposa Terra do Sol

O latifúndio é imoral.
Ninguém precisa de terras a perder de vista no horizonte para sobreviver.
Nem índio, nem branco, nem negro, nem amarelo.
Os mamelucos brasileiros ficam só expiando a palhaçada.
Quando o Cabral chegou com suas naus carregadas de canhão batizadas com nomes cristãos de Santa Maria, Pinta e Nina na bela praia de Porto Seguro, não existiam as pousadas dos italianos e franceses, nem a mansão do Jose Serra no alto do morro, nem os hippies vendendo bugigangas, nem a família Magalhães tomando conta do estado da Bahia.
Existiam índios orgulhosos por terem expulsado da praia na porrada os feios índios Barés lá para a Barelândia.
Já existiam gangs e o mais forte ferrava o mais fraco.
O Cabral e seus canhões tomaram a praia e desde então começou uma guerra desigual por terras que dura até hoje.
Os portugueses promíscuos saíram comendo as índias e depois as negras escravizadas da África e tiveram filhos mamelucos.
Eu sou um mameluco.
Depois de 500 anos passados ainda tem gente dizendo que o latifúndio é bacana só se for do branco ou do índio.
Ou seja.
Os mamelucos ficam olhando índio e branco do agronegócio brigando por latifúndio.
O latifúndio é imoral.
O branco e o índio latifundiário também.
O Brasil não pode ser uma Raposa Terra do Sol.
E nessa história não tem santo.
Nem os mamelucos.

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