Os amores facebookianos


Na relação tradicional a coisa acontece com o olhar, depois o cheiro, depois o toque, depois o beijo, depois o toque naquilo e aquilo no toque, depois a penetração naquilo ou a ralação naquilo, no caso das brigas entre aranhas, tem a luta de espadinha também, não necessariamente entre espadas. Nas relações virtuais que ocorrem no ambiente do facebook, o sentido que mais é aguçado é a visão, pois a pessoa fica atraída por uma fotografia, depois vai ler o perfil e o que a pessoa escreve, pensa e diz. O mundo virtual é concebido para não existir o verbo mentir. A mentira no virtual não é mentira, é mitomania, é brincar de teatro, de ser personagem. Na verdade cada um constrói diariamente o seu avatar, seu ser ideal. Na vida chamada real também é assim, com a diferença que o engano provocado pela falsa sensação da visão de que existe algo chamado realidade faz com que acreditemos nisso.
O facebook facilita a aproximação entre avatares e é comum haver relacionamentos amorosos que são iniciados dentro desse ambiente. O que é muito louco é que quando ocorre à aproximação no mundo chamado “real”, as pessoas também se constroem juntas, tentando ser o avatar inventado, ou seja, as pessoas se reinventam, se tornam outras, e isso é genial, porque só otários não se reinventam. A realidade existe de dentro pra fora, então cada pessoa é dona do seu personagem, basta não acreditar neles e nem levá-los tão a sério, nem a vida deve ser levada a serio. A vida dos outros sim, essas tem que ser devidamente respeitadas.
O nosso amor a gente inventa e fim de papo!

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