A sauna gay londrina baré
Manaus está coberta de fog. A cidade está tão enfumaçada que parece Londres. Os caboquinhos estão realizando um sonho antigo. Ser inglês. Esse é um desejo atávico da classe média manauara. Agora a cidade está à cara de Londres e de São Paulo, é só fumaça e engarrafamento. Somos uma metrópole enfim. O calor de cinqüenta graus é um detalhe de fundo. O lance é a inserção, nem que para isso tenhamos que viver numa cidade onde o calor faz colar os ovos e gelatinar os bogas. A solução pensada é cortar todas às arvores e pôr carpete em tudo, carpete verde, imitando a grama da Inglaterra que na verdade é grama do planalto andino peruano, cobrir com uma grande esfera de vidro, por ar condicionado e ter metrô de superfície cortando os céus. Por conta desses delírios não vi que minha urina estava molhando minhas patas no banheiro sujo do Castelinho, bar no centro da cidade, refugio de neo metaleiros, punks, lésbicas de ocasião, bibas travestidas de roqueiros pesados e neo-ambientalistas criados em cativeiro. A urina no meu pé me fez retornar ao patamar da normalidade que é quando você imagina saber onde você está e passa também a ouvir o som ambiente, e dependendo da droga que esteja usando essa realidade pode parecer mais real. Olhei para o lado e vi dois caras tatuados de casaco de couro escrito Hells Angels, escrevendo frases na parede do banheiro já cheio de frases homófobas sem noção. Quando eles saíram fui ler pra matar a curiosidade mórbida. “Adoro omi de barba, gordinho e casado, favor ligar 92 -...”. Eu liguei e ouvi um celular tocando. O anuncio era sério. Desliguei e achei que aquela parede tinha mais utilidade do que aparentemente tinha. Pra não passar barato pus mais um número embaixo do que o cara pôs pra contato. Pus o numero de um amigo meu que odeia veado. Fiz a minha boa ação do dia.
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