Torcedor não tem mais voz!
POR TUTYY VASQUES
O pior das vuvuzelas nem é o som que elas produzem. É o que elas não te deixam ouvir: o grito, o batuque, o canto das torcidas. Pela primeira vez numa Copa do Mundo as arquibancadas não têm voz. Não se distingue, pelo som, um sotaque do outro, vaias de aplausos, palavrão de saudação, a língua inglesa do dialeto zulu. O vuvuzelaço nos estádios não permite identificar sequer para quem torce quem assopra. O zumbido atravessa, monocórdio, os 90 minutos de jogo.
Já há quem diga, inclusive, que o melhor da Copa até agora, afora o Messi e a Alemanha, foram os momentos de execução dos hinos nacionais – quando, milagrosamente, calam-se as vuvuzelas. Com a bola rolando, não se ouve o baque da bola na veia, os ritmos africanos, a vibração da galera, o apito do juiz, o grito de gol… A sonoplastia do futebol não é mais aquela.
Ruim pra quem assiste, pior para quem joga: o técnico não se faz ouvir em campo, a barreira não escuta a armação do goleiro, o zagueiro não entende a advertência do juiz, futebol virou conversa de surdos. Para quem está em casa, resta sempre a opção de dar um mute na TV para tirar o som das vuvuzelas, mas não há recurso eletrônico que recupere o que elas não te deixam ouvir. Pela proibição, já!
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