Clodovil e o mito dos dois caixões


Morreu Clodovil Hernandez, ex-biba, ex-costureiro, ex-apresentador de televisão e ex-deputado federal pelo estado mais consciente politicamente do país. Partiu, no bom sentido, e levou junto com ele o mito dos dois caixões. Dizem que gente linguaruda precisa de dois, um pro cadáver outro só pra língua. Até na morte a biba causou espécie. Não teve dois caixões, e acho que por isso tantos jornalistas começaram a falar de qualidades invisíveis do morto. Acho que com medo da língua, já que não viram ser enterrada. No velório tinha gente que foi só conferir se virava purpurina mesmo, gente incrédula, desrespeitosa. Até as amigas de opção sexual tinham pavor da língua dele, que sempre se referia aos homossexuais com homofobia, era uma bicha homofóbica. Comentário maldoso no meio das amigas durante o velório “aquilo??!!..nem o oceano de purpurina quer!!”. O fato é que morre o maior estadista do glorioso estado de São Paulo, o maior homem publico que o estado já teve. Não entendo o que a Marta Suplicy foi fazer no velório dele, o cara quando em vida e apresentador de televisão, a serviço do Paulo Maluf, das elites paulistas e dos tucanos, atacava a Marta com palavras de baixo nível. Até de galinha descolorida ele chamou. O Supla andou cercando pra dar umas porradas nele na época. Dizem que ele catou o bofe e foi se esconder meses em Ubatuba, com medo. São Paulo está de luto e a Parada Gay desse ano já decidiu que vai homenageá-lo cantando o samba “Pau no Samba”, já que ele era um grande passista da Gaviões da Fiel, escola que ele ajudou a fundar, no bom sentido. Em Brasília está a maior briga pra ver quem fica com o gabinete dele, todo forrado com motivos de onça e abajur lilás despojadamente depositados pelos cantos. O Gabeira disse que nem morto, ele é ecologista e não pega bem pra imagem ficar rodeado de oncinhas, nem que sejam artificiais. Só esperamos que os paulistas, em um novo surto cívico, elejam outro homem publico da estirpe do Clodô. Que o oceano de purpurina lhe seja confortável, já que ele era espírita em vida. Como ateu, espero que ele seja substituído por alguém do mesmo nível. Muita gente agora vai saber que não vai precisar gastar dinheiro com dois caixões, inclusive eu.

Comentários

Anônimo disse…
Eu gostava do Clodovil como artista ou estilista. Dizem que ele era polêmico. Eu não acho.Ele era do contra. Minha vizinha também fala mal de todo mundo e ninguém a chama de polêmica. Sem contar as inúmeras contradições dele. Certa vez eu estava assistindo seu programa na RedeTv!, ele tinha um médico urologista como entrevistado e falavam de cancro. Como o médico usava os termos técnicos, ele pediu que usasse o coloquial porque as pessoas que asssitiam o programa dele eram pobres e sem cultura. Terminada a entrevista , ele dá uma receita de salmão com bananas. Se alguém é tão pobre que não sabe o que é cancro vai ter condições de fazer salmão pro jantar? Ele sempre foi elitista, por isso a birra com a Marta, que sempre foi mais Karl Marx do que senhora feudal. Em relação aos homossexuais nem fale. Só abria a boca pra falar merda deles, da parada gay e tudo relacionado ao mundo gay. Não acho que ele mereça homenagem da parada gay, que ele tanto criticou em vida. Tanta amargura lhe rendeu um câncer, uma vida de 71 anos, mas sem um grande amor, sem família. Morreu sem ninguém , rodeados de pessoas mais tristes porque perderam seus cargos na câmara do que pela morte dele. Mas vou sentir falta dessa maricona recalcada, ele era divertido.Siga em paz Clodovil...
Alice disse…
A regra é a seguinte: se você é um zé-ninguém, você é do contra. Já se você é famoso, então você é polêmico. Ou não?
Adorei o texto!

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