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Mostrando postagens de fevereiro, 2008
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Engarrafamento é coisa chic Manaus já pode ser chamada de metrópole. Somos que nem São Paulo, Rio, Nova York. Se vacilar nosso engarrafamento é maior. Dá para ver a cara de prazer dos nossos caboquinhos dirigindo seus automóveis, presos nos intermináveis engarrafamentos que nos enchem de orgulho, nos fazendo sentir parte da modernidade, da inserção global, do progresso. Dá prazer ver a cara de orgulho dos nossos nativos pilotando lentamente, languidamente seus automóveis reluzentes, querendo esquecer as canoas que até pouco tempo os levava para os rincões amazônicos. Tanto que até dirigem carros como se fossem canoas, ao sabor do remanso. Lindo mesmo vai ser quando finalmente os viadutos estiverem prontos. Que felicidade! Poder ver o mundo do alto, aos seus pés, e de lambuja de dentro dos seus brinquedinhos poderosos. Pena que os viadutos daqui tem tendência a cair, mesmo antes de usar. Mas isso é detalhe. Como pedestre e despeitado que sou, tenho que andar pelas ruas sem calçada
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O Mindú é democrático Depois de passada as chuvas recordes das últimas semanas, que fizeram transbordar os estrangulados igarapés que cortam Manaus, restaram várias lições a serem aprendidas sob a luz dos rescaldos e entulhos que se espalharam pela lama invasora. Passando pela ponte da Recife, sobre o igarapé do Mindú dava para se ter uma idéia da extensão do estrago só pelos objetos que flutuavam sobre a água (alguns nem tanto). Via-se sob o sol escaldante do dia seguinte ao dilúvio todo tipo de eletrodoméstico, roupas, tipos de lixo, etc. Tinha de home theater a radinho de pilha. Tudo democraticamente lado a lado, flutuando igarapé a baixo. Ví até um Toyota, que dizem foi arrastado da garagem de uma casa perto do Motel Le Baron, casa que também parece um motel. A justiça da natureza, a forma vingativa com que ela se manifesta, não conhece rico nem pobre. Fica tudo nivelado no meio do bosteiro a céu aberto que todos tem um pouco de culpa em criar. Mas a culpa sempre é do pobre. Fica
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Veados transgênicos. A discussão no planalto sobre transgênicos e afins me fez lembrar uma noite no Bistrô da Margot. Lá pelas tantas entra uma turba de homens musculosos, falando alto e grosso. Acho que vi até um cuspindo no chão, exibindo suas tatuagens de marinheiro Popeye. Eu estava com uma amiga nem encarei os caras, com receio, pois gang de jiujiteiros surtam à toa. O ambiente ficou cheirando a anabolizante. Como eles falavam e riam alto deu para ouvir a conversa. Era um tal de “o bofe pra cá, o bofe pra lá”. Então eu arrisquei olhar pelo espelho, para não ser flagrado encarando os caras. Era tudo mona! Monas devotas do Village People, lógico! Comecei a reconhecer as pessoas, pois fiquei muito tempo longe de Manaus. Era tudo bichinha antiga, que na época eram mais elegantes, refinadas, sutís, até afeminadas e engraçadas. Acho que elas cairam por descuido em um tanque de anabolizante. Tava tudo : “pocada”, falando grosso que nem bofe consegue falar.Tudo que uma sapata macha gostar
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Pelo direito de dar um pum A sociedade humana moderna volta e meia se depara com dilemas que a coloca na posição de Deus, com poderes de vida ou morte sobre toda a espécie de vida na terra. Reza a lenda que acabamos com mamutes, bicho preguiça-gigante, etc. Durante a guerra fria, travada entre os USA e a extinta URSS, o comichão muitas vezes coçou o dedo dos poderosos dos dois países, para apertar o botão vermelho que deflagraria o holocausto nuclear. O fato de a raça humana estar atualmente no topo da cadeia alimentar, às vezes provoca uma certa acrofobia (medo paranóico de altura), que gera um pití geral, uma síndrome de Nero (que nunca sabia se cremava ou se dava pro bofe), oriunda do mito de ter extrapoderes para acabar com todo o planeta. Puro delírio nérico. A questão ambiental provocou uma espécie de nova síndrome, um novo mito, o tal de “aquecimento global”. A imprensa mundial está adorando anunciar apocalipticamente, evangelicamente, o novo fim dos tempos. Ainda bem que os pro
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A web cam e o vibrador Muito pouco se sabe sobre o que se passa na mente humana apesar de todos os estudos feitos, de toda a ciência e de toda a tecnologia. Nossos corações e mentes continuam sendo uma fortaleza inexpugnável para a curiosidade infantil da religião predominante chamada ciência, ainda bem. Sem o encanto do mistério acaba toda possibilidade de poesia. Sem os segredos da alma nada mais se revelaria, e a vida seria muito pobre. Porém a mesma curiosidade infantil que pode ser tão obvia e chata, cria tecnologias e brinquedos interessantes para o deleite da raça humana, inclusive o meu. Entre eles a web cam e o vibrador. Juntos fazem uma dupla que se usadas da forma correta são extremamente úteis para ajudar no processo de busca da felicidade, único compromisso que um ser humano decente deve ter nessa vida ordinária. Navegando como um vagabundo depravado pelas ondas da internet, surfando em mares pecaminosos das salas de bate papo que permitem imagens pornô, uma criatura me ab
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Casamento é coisa de veado lezo O casamento foi inventado por alguém que não tinha o que fazer. Por pura falta de imaginação, as pessoas inventam o que podem. Os heteros que tradicionalmente são tachados de retrógados, caretas, raça em extinção, etc. eram os que em grande número recorriam a essa forma de relacionamento por motivos que vão desde a necessidade biológica de perpetuar a espécie, de preservar valores como família, tradição e propriedade, ou até por motivos banais, como amor, afeto, etc. A mulher desde a invenção do clitóris, nos idos dos anos 60, em que ela experimentou pela primeira vez a possibilidade de gozar sozinha, percebeu que o casamento era a maior roubada, que não tinha mais sentido aturar um macho escroto para ter prazer, e que família, tradição e propriedade também poderiam ser conquistadas mesmo em carreira solo. Nasceu o conceito "produção independente", mulheres que preferem ter e criar seus filhos independente de machos ruins. Eu mesmo tenho um fi
Do cócix até o pescoço
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Com o passar dos anos, as pessoas são inexoravelmente invadidas por todos os tipos de angústias, culpas, medos e ansiedades. Culpa judaico cristã por ter pensando um dia em comer a própria irmã gostosa que dava pra rua toda, culpa mulçumana por ter comido ou dado pra rua toda, culpa budista por não ter comido carne mijada e ter ficado no rabanete por ser vegetariano, culpa por ser um socialista cansado que acreditou no grão mestre Arnaldo Jabour que apregoa não mais existir nem direita nem esquerda e sim um mundo que chuta com as duas o boga dos outros, culpa por ser um capitalista selvagem radical de centro direita que odeia o Lula e tem como bíblia a vestal das verdades, a Revista Veja ( Ooooohhh revistinha... ) e ser assíduo telespectador do Jornal Nacional com suas verdades mutáveis, culpa por ter enchido de porrada a própria boneca inflável, companheira de tantas noites insones, e a pior de todas as culpas, não ir ao médico fazer os exames necessários que a idade avançada pede,