O Vira Latas em Pequim


De acordo com Nelson Rodrigues o brasileiro sofre da síndrome do vira latas, a alma eternamente recalcada pelos 500 anos de colonialismo. Vive se auto depreciando, se achando pior do que o resto da humanidade, principalmente das humanidades que vivem no hemisfério norte. Paradoxalmente, adora um ufanismo, tipo, Deus é brasileiro, o Brasil é o país do futuro ou o melhor país do mundo, etc. Quem mais vende essas idéias é a grande imprensa, leia-se Rede Globo, A Folha de São Paulo, Estadão, a Revistinha Nefasta Veja, ente outros.
A transmissão da Rede Globo das Olimpíadas na China é um espetáculo de como a imprensa tem sempre a vocação para corromper corações e mentes. A linha ideológica sempre servil ao mercado e aos interesses do grande capital orientada pelos USA e adotada pela grande imprensa brasileira, não sabe como retratar uma China que é as duas coisas ao mesmo tempo: capitalista selvagem e comunista retrograda. O Arnaldo Jabour, o porta voz da ultima herança ideológica possível, a lei de mercado, há anos já decretou o fim da ideologia socialista ou de qualquer outra que seja. Ele chega a babar quando toca no assunto, é a imagem fiel do que pensa a Globo.
É risível esse tipo de imprensa falar que na China não existe liberdade de expressão, o que de fato é verdade. Porém uma empresa que sempre se prestou a vontades das forças da elite, do grande capital, que surgiu das entranhas da ditadura, que sempre tenta influenciar o eleitor brasileiro, impondo suas vontades sendo porta voz de grupos encastelados no poder desde que o Brasil é Brasil. Que elege e derruba presidentes quando seus interesses são contrariados. Que inventou a partidarização da imprensa. Essa imprensa não pode falar de liberdades.
A síndrome do vira latas vem a tona quando essa imprensa tem que mostrar o quanto a China está na frente do Brasil quando se trata de medir sucesso e modernidade pelo tamanho e imponência das suas construções, do avanço tecnológico, e de como o povo chinês convive com sua cultura milenar e sua vocação para o futuro, embora seja bastante discutível o preço que se paga para ter esse pseudo sucesso. Dá para sentir um tom de despeito nos traços da linha editorial com que a Globo tenta mostrar a China atual.
O mais bizarro é ver a comissão de atletas americanos com mascaras no nariz para não se contaminarem com a poluição de Pequim. Logo eles, os maiores poluidores do planeta, responsáveis por 56% da emissão de gases tóxicos. E ver tanta gente falando em liberdade para o Tibet e esquecendo completamente de Guantanamo. E a Globo transmitindo de São Paulo, um verdadeiro Jardim do Éden quando o negócio é poluição.
Agora é só esperar o que vai acontecer com a Era Dunga com o próprio Dunga na direção. Viva a mediocridade, gol é só um detalhe.

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