O dia dos namorados e a ditadura do clitóris


A música “Mulher” do Arnaldo Antunes ilustra bem a dor do homem moderno diante da descoberta infeliz que a mulher fez do seu clitóris nos idos dos anos 60, na época das lutas por liberdades políticas, sexuais e comportamentais. A música diz “Ela goza com o sabonete não precisa de você, ela goza com a mão não precisa do seu pau, ela quer viver sozinha sem a sua companhia, e você ainda quer essa mulher”. O dilema do macho moderno é que usando trechos da música “Sem Você” do mesmo autor, que diz “Pra onde eu vou agora livre, mas sem você, pra onde ir o que fazer como eu vou viver?...Eu gosto de ficar só, mas gosto mais de você, eu gosto da luz do sol, mas chove sempre agora sem você”, dá um bom panorama do que está rolando nas relações dos grupos sociais onde a mulher tem independência sexual porque sabe gozar sem um parceiro, sem um pau, tem independência financeira, portanto pode pagar um se quiser e os homens estão querendo suas liberdades atávicas, de formação de macho livre pra sair pegando a mulherada ou simplesmente correndo atrás dos seus sonhos sem os problemas que relações convencionais acarretam, mas morre de medo de ficar só. E no dia dos namorados, uma invenção promocional capitalista, quem está namorando fica preocupado com o que dar de presente nesses dias de dureza, ou então fica avaliando o que está fazendo naquela relação. Os que não tem ninguém como namorado(a) se livram dessa aporrinhação, porém a sensação de solidão que pesa toda vez que entra um comercial de televisão, um outdoor, um casal sorridente andando de mãos dadas explodindo na cara feito um letreiro luminoso de mal gosto avisando “Você é o ultimo otário sozinho do planeta” torna muito chato essas invenções marqueteiras.
Não sei se acontece só comigo. Todo ano quando está se aproximando o dia dos namorados, inconscientemente ou não, se estou com uma parceira, eu dou um jeito de brigar, de me afastar, de estar só. Parece a síndrome do escorraçado. Ainda vou fazer uma enquête pra ver se sou só eu que tem essa síndrome.
No mais, se é pra dar presente, dê amor de verdade ou algo que dure mais que isso. Uma garrafa de cachaça de Minas talvez.

Comentários

Este comentário foi removido pelo autor.
Odeio tanto quanto voce. So serve pra aumentar as filas de carros nos motéis.
chicow disse…
é fueda meu caro jorge. falou e disse tudo! é invenção, mas enche o saco ver todo mundo se preparando pra esse dia, que foi inventado, como o amor e outras coisas mais...
abrá!

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