A guerra da granola
Surfando pela internet li em um site que iria haver um workshop sobre aquecimento global com a Amazônia, coitada, de pato na estória. Eu continuo achando que a Califórnia polui mais que a Amazônia, mas ninguém me ouve. Como tava de bobeira enfiando peido em cordão, resolvi ir conferir o que ia rolar de novo no repetitivo debate. Ao chegar encontrei uma amiga que há anos não via. Ela estava mudada, estava mais hippie, mas despojada, mais largada. Usava um vestidão tipo indiano caiçara new-hippie todo estiloso, devia ser caro, tinha etiqueta Forum e tudo. Sentamos juntos e ficamos de papo pseudo cabeça até percebermos que estávamos incomodando os demais na sala do debate. Resolvemos sair e fui convidado por ela pra esticar até sua casa, comer, beber e conversar. Topei de primeira e entramos no seu fusquinha 69 amarelo, uma graça, uma verdadeira proteção antifurto, nenhuma ladrão em sã consciência roubaria aquilo. Passamos em um supermercado antes, eu empurrando o carrinho e ela enchendo de arroz integral, grão de bico, ervas, lentilha e granola. Eu puxei uma garrafa de cachaça quando ela se distraiu na prateleira de cosméticos. Com o carrinho de compras abarrotado nos dirigimos ao caixa. Eu tava ensacando as compras quando ouvi um berro “Nãoooo ... nãooo ... saco plástico não!”, fiquei de bobeira sem entender e sem saber o que fazer. Ela me deu uma aula sobre o mal que faz ao planeta a utilização de sacolas plásticas de supermercado. Fomos carregando as compras na mão grande até o carro sob o olhar estupefato dos clientes tirando a gente de doidos. Claro que ela levava só as ervas leves, os enlatados estavam na mão do otário caindo a cada passo que eu dava. Chegamos à casa da louca e conheci uma amiga dela que dividia aluguel, arranjo muito comum entre pessoas que insistem em se achar estudantes de republica apesar dos cabelos e pentelhos brancos. Uma casa típica de neo-ambientalista, muito básica. Um tupezão indígena espalhado na sala e sobre ele espalhados despojadamente os lap tops, ferramenta imprescindível no mundo moderno. Manaus faz muito calor e pedi a minha amiga para tomar um banho, ela disse ok e ao entrar no banheiro fiquei admirado com a quantidade de cosméticos que havia ali dentro, parecia loja do Boticário. Tinha xampu pra tudo que é tipo de pelo e cabelo, sabonete liquido, sólido e gasoso, eu mal podia me mexer dentro da loja de cosméticos que elas chamavam de banheiro. Tínhamos bebidos umas cervas e eu estava doido pra urinar. Quando pus o cacete pra fora lembrei a tempo, do esporro que tinha levado da louca no supermercado, entrei em um dilema que me levou ao pânico. Não sabia se urinava no vaso ou no chuveiro, já que a ultima moda da filosofia ambiental é urinar em cima das próprias patas enquanto se toma banho, para não gastar água da descarga à toa. Decidi seguir a doutrina da louca e resolvi urinar no chuveiro. Foda foi sentir a fisgada na barriga anunciando vontade de dar uma cagadinha. Nossa!! Tudo, menos isso. Meu dilema aumentou. E quanto a cagar? Será que é no vaso ou no chuveiro também? Para não correr riscos, fiz tudo no chuveiro. Dificil foi dar fim a quase um quilo de puro barro pós cachaçariano. Estava quase acabando a operação quando ouvi gritos e discussão vindos da sala, parecendo briga das feias. Corri pra lá e vi as duas se pegando pelos cabelos tentando dar bofetes uma na outra. Separei a custo a briga. Com as loucas mais calmas fui entender que a briga era porque uma estava comendo a granola da outra escondida. Furto de granola. Mais uma lição que tenho que aprender, nunca furte granola de ambientalista. Sugeri para que voltasse a paz, comecemos o bolo de maconha que estava sobre a mesa e fumássemos uns baseados de granola. Esperei algum tempo e falei que ia comprar cigarro “normal” na esquina. Peguei o primeiro busão que passou. Talvez a gente se encontre em algum outro workshop inútil e eu invento que não voltei porque fui abduzido pelo espírito do Chico Mendes a mando da Marina Silva. Mentira tem perna curta, minha grana também e meu tempo idem.
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